Wednesday, August 13, 2008

Verão - O Grande Herbário das Sombras



Fecho o livro, e,
com a cabeça cheia de imagens,
parto para férias.
Até já.
Blue.

“Começava a nevar em Pennabilli e eu detinha o olhar na neve que caía sobre as amendoeiras, em redor da casa, quando me chegou o Grand Herbier d’Ombres. É um livro com as sombras de muitas ervas do campo, da pintora Lourdes Castro, grande artista portuguesa que reproduz sombras de pessoas ou de outras formas de vida. Olhava eu, assim, os bordados da neve e logo depois as páginas do livro. Num determinado momento, no branco do vale, vi manchas escuras que subiam da minha memória. Eram as sombras que passavam pelo tecto do meu quarto no dia do regresso da prisão, na Alemanha, e eu, naqueles reflexos, procurava reconhecer os meus conterrâneos. Depois vi o vale, além da janela, atravessado pela grande sombra do obelisco da Praça de São Pedro, num dia de Agosto, quando Roma me apareceu deserta. E no entanto, os turistas estavam à fresca, na sombra daquele obelisco se apinhavam. De repente, pensei nos belos dias de Agosto com Andrei Tarkovski quando trabalhávamos no filme Nostalgia, em Bagno Vignoni. A pequena aldeia toscana tem, na praça, um lago de água quente criando nuvens de vapor que enevoam, qual mundo medieval. É nestas águas que Catarina de Siena banhava seu corpo e as palavras de sua oração. Uma manhã entrámos na pequena igreja, na margem da rua que contorna o grande lago. Sentámo-nos sobre um banco de madeira para gozar aquele silêncio abandonado. Descobrimos que o feixe de luz matutina proveniente de uma janela alta estampava sobre a parede interior, junto de nós, uma pequena planta selvática crescida sobre o terriço trazido pelo vento, sob o pequeno vitral. Uma sarça de sombras incertas que se tornava decoração naquele reboco gessoso e humilde. Eu e Andrei permanecemos por algum tempo contemplando estas imagens trémulas que nos traziam reflexões profundas. A um certo ponto pareceu-nos sentir no ar um perfume de menta. Levantámo-nos de imediato para descobrir aquela imagem sobre o muro e perceber se a fragrância vinha daquela sombra. Assim era. É por isso que agora aproximei do nariz as sombras de Lourdes Castro que possuem uma presença viva e misteriosa capaz de fazer crescer mágicos pensamentos a quem as olha”.

Tonino Guerra, in A Phala, nº 97

Tuesday, August 12, 2008

And Now the Good News



Depois de anos a convencer-nos de que tal não voltaria a acontecer, Richard Ashcroft volta a reunir-se com os restantes elementos dos The Verve lá para o final deste ano.

The light is pale and thin like you..



«In Liverpool
On Sunday
No traffic
On the avenue
The light is pale and thin
Like you
No sound, down
In this part of town
Except for the boy in the belfry
He's crazy, he's throwing himself
Down from the top of the tower
Like a hunchback in heaven
He's ringing the bells in the church
For the last half an hour
He sounds like he's missing
something or someone
that he knows he can't have now and
if he isn't
I certainly am

(...) »
Suzanne Vega
In Liverpool

Monday, August 11, 2008

Agora lendo......



O livro veio parar-me às mãos como acontece com a maioria das pessoas, através da recomendação de amigos ou familiares.
Há várias razões para já me ter cruzado com este livro, mas acredito que as coisas acontecem por uma razão.
Neste caso, haveria que esperar, e a razão é simples: estou na idade certa para amar Rubem Fonseca, e para conseguir reconhecer em mim a multiplicidades de mulheres que Rubem constrói neste maravilhoso livro de contos.
Numa crónica que Eduardo Pita escreveu há tempos sobre a edição em Portugal deste livro, pela Campo das Letras, é dito: «A literatura chegou tarde — o primeiro livro foi publicado em 1963, quando ele tinha 38 anos —, sim, e em grande forma.»
Pois é exactamente nessa idade (e nesse estado) que o livro me apanha, e o que poderá ser considerado tarde para o escritor, nao o é para mim enquanto leitora.
O livro é genial, eminentemente adictivo, cheio de mulheres vadias, homens ingénuos mas nada inocentes, e desfechos cheios de ironia.
Um livro delicioso.

Wednesday, August 06, 2008

Forte Imaginação Visual


«Kafka's interest in pornography, which left traces in such works as The Metamorphosis, matters if it makes us look at any of Kafka's fiction in a new way, he said: "Kafka had a strongly visual imagination, and the importance of the visual arts for him hasn't yet been fully explored."
A propósito da mais recente descoberta sobre a vida secreta de Franz Kafka, via Bibliotecário.