Friday, November 03, 2006
A Mão à Palmatória
Reconheço: sou uma das tais. Uma mulher como as outras. Um género. O Feminino.
Sempre detestei estereótipos, e ainda mais aqueles que enchem livrinhos de hipermercado sobre o género feminino e o masculino.
Mas tenho que reconhecer.
Tenho que reconhecer que gosto quiçá demasiado de colocar os pontos nos iiss.
Sempre foi assim.
Já em Novembro de 1998 (sim, é verdade, Carlos Lopes já tinha ganho a maratona em Los Angeles - aparte familiar) foi a frase determinante que me ouvi dizer e que tanto te assustou....
Hoje continuo a sentir a mesma necessidade. Tudo normal, até aqui.
Até que me lembrei daquela conversa maravilhosa que tive com o C.M., no recreio da escola, enquanto apanhávamos (tipo frutos de uma árvore) os nossos filhos numa sexta feira. O C. referia aquela mania que as mulheres têm de colocar os pontos nos is. E continuava e eu que gosto tanto das coisas assim no ar.....Mas as mulheres têm essa necessidade de passar um traço preto em cima das coisas. E eu vi, ali, o traço preto surgir à minha frente, vertical, entre mim e ele, tal era a sua eloquência... A conversa continuou deliciosa, entre referências literárias do seu agrado que ilustravam isso mesmo: o seu gosto por coisas voluveis.....
Pois é....
Revejo-me agora no estereótipo, eu que tanto os detesto.
É por estas e outras que tenho que deixar de citar Neruda (Agosto de 2006) no meu humilde e recatado blog. É para depois não levar com as palavras de volta para casa, como um cão com o rabo entre as pernas, ou mais simplesmente toma vai buscá-las, que é como hoje tanto se ouve dizer.
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2 comments:
quiçá morre lentamente...
Sophie / Pablo Neruda
não sei se isto para si é uma dúvida, mas a coragem de dar a mão à palmatória fica muito aquém da coragem de não fechar os olhos à realidade.
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