Monday, January 15, 2007

"Anda, Amor"


Vem a expressão a propósito do folhetim amoroso que seguimos atentamente em casa.
Maria é uma miúda gira, com uma inesgotável vontade de amar, o que a tem levado a saltitar entre todos os rapazes da turma.
Pouca coisa mais a ocupa, para além do vislumbre de qualquer oportunidade amorosa. Qualquer assunto a remete em segundos para o ninho que tem dentro de si e que espera ocupar com o mais-que-tudo que um dia há-de dia surgir. Maria é o que se pode chamar “one-track-mind”, ou o vivo exemplo da vantagem feminina no campo amoroso. Vantagem... Talvez esta intensidade toda pré-objecto não seja bem uma vantagem. Digamos antes que Maria é o vivo exemplo da precoce e intensa maneira de amar no feminino.

Lembro-me de há dois anos a ouvir dizer, em resposta a um “ouve esta música das Doce, Maria”: “Mas, ó Samp, tu sabes que eu te amo, não sabes?”, sem vislumbrar qualquer incómodo por a mãe do Samp e o irmão do Samp se encontrarem dentro do mesmo veículo.

Pois acontece que recentemente Maria teve o seu momento de felicidade, junto de um rapaz da turma (o Pedro), o que foi seguido com muita curiosidade lá por casa.
“Eles “andam”, mãe!”
Que bom, filho. E então?
“Beijam-se e tudo”.
Quis saber como se concretizava o amor de duas crianças de 7 anos face aos olhos dos seus colegas.
Um interesse meramente sociológico, claro...
Quando estão no recreio e a Maria chama o Pedro, diz: “Anda, Amor.”
Quando a Maria está na sala, umas filas mais à frente, vira-se e manda beijos ao seu amor.
E o Pedro, ao que parece, anda mais feliz que nunca.

Noutro dia, fomos surpreendidos com a notícia de que o Pedro tinha acabado "tudo" com a Maria. A razão era clara e brutal: “Porque o Pedro começou a achar que a Maria era porca.”
Caraças, estarão já os putos a interiorizar esta mania safe, esta tendência para higienização, levada para o campo dos afectos?

Receoso que Maria ainda sonhe consigo, Pedro passa agora os seus minutos de recreio, lembrando Maria que o esqueça…..
Maria volta agora ao seu estado de catavento emocional, e nós ficámos sem folhetim para a hora do jantar…..

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